APOCALIPSE E A IGREJA DE ESMIRNA 2ª PARTE

 

O MARTIRIO DE POLICARPO

E  ao anjo da igreja que está em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu: Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás. Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte (AP 2:8-11).

Um dos mártires mais conhecidos da quarta perseguição geral, feita pelo Imperador Marco Aurélio, foi Policarpo, bispo de Esmirna, que dizem a tradição, estudou com o Apóstolo João, considerado então o último elo da igreja apostólica no ano 156 d.C.. Diante das perseguições aos cristãos, pelo império romano, Policarpo procurou se refugiar em casas de conhecidos para continuar seu trabalho, mas foi descoberto pelos soldados romanos.

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Antes de ser levado para a arena (o lugar onde os cristãos do império eram jogados, para serem devorados pelas feras), ele pede para orar, e ora por longas duas horas, o que faz com que os soldados apreciem o caráter do bom velho, chegando a pedir ao mesmo que simplesmente diga: “César é o senhor, e queime um incenso”, mas Policarpo recusou calmamente e foi então encaminhado até a arena diante da população romana que o empurrava chegando até o governador que interrogando o velho homem piedoso e bispo da igreja em Esmirna, com receio de entregá-lo as feras, diz:

— Jure pela felicidade de César. Mude de ideia. Diga "Fora com os ateus!".

O governador obviamente queria que Policarpo salvasse a vida ao separar-se daqueles "ateus", os cristãos. Ele, porém, simplesmente olhou para a multidão zombadora, levantou a mão na direção deles e disse:

— Fora com os ateus!

O governador tentou outra vez:

Policarpo

— Faça o juramento e eu o libertarei. Rejeite a fé em Cristo!

O bispo se manteve sereno e firme.

— Por 86 anos servi a Cristo, e ele nunca me fez qualquer mal. Como poderia blasfemar contra meu Rei, que me salvou? 

Diante da recusa, nada mais podendo fazer o pro-cônsul, mandou que viesse os verdugos, começando assim a história de um martírio prolongado. 

Policarpo deixa o governador mais irritado ainda, diante da intrepidez do mesmo e de sua alegria, em saber que iria partir para um lugar infinitamente melhor. Diante desta situação, Policarpo é amarrado em uma estaca para ser queimado, tendo ele respondido: "Ameaçais-me com o fogo que arde por um momento, e depressa se apaga, mas nada sabeis da pena futura, e do fogo eterno reservado aos ímpios". Ele então foi atado, contrariando o povo que queria pregá-lo na estaca, a lenha foi colocada em redor e ateado fogo, que segundo testemunhas, não consumiu Policarpo. 

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Tendo em seguida recomendado a sua alma a Deus deu o sinal ao algoz, e este logo lançou fogo à palha. 

Diz a tradição, que os acontecimentos maravilhosos do dia ainda não tinham chegado ao seu fim. Por qualquer razão desconhecida, as chamas não tocaram no corpo de Policarpo, e os espectadores, vendo-se enganados, olhavam uns para os outros na maior admiração. Contudo, o ódio venceu a superstição, e pediram ao algoz que matasse a vítima a golpes de espada. Assim se fez, o golpe fatal foi imediatamente dado, e naquele momento de cruel martírio, o fiel servo do Senhor entregou a alma a Deus, e ficou para sempre longe do alcance dos seus perseguidores. 

E assim partia um homem, piedoso, perseverante, que não esmoreceu diante das perseguições e das ameaças de morte, mas sabia que a certeza da sua Salvação o levaria para um lugar melhor. Se hoje nos sobreviesse perseguições semelhantes, quantos teriam a mesma certeza e o mesmo sentimento de Policarpo, eis a questão!

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Aqui transcrevemos aquela que é a oração de Policarpo proferida antes de seu martírio em 23 de Fevereiro de 155 d.C.

“Oh! Deus e Senhor todo-poderoso. Pai de teu bendito e mui amado filho Jesus Cristo, através do qual temos recebido conhecimento pleno de Ti. Deus dos anjos, de todos os poderes, de toda criação e família dos justos que vivem em tua presença. Louvo-te por me haver concedido esse dia e hora para poder sofrer em teu louvor, contando-me entre o número dos mártires que compartilharam da morte do Teu Cristo. Louvo-te por me dares também a parte que me cabe na ressurreição e na vida eterna tanto da alma quanto do corpo e na imortalidade do Espírito Santo. Concede-me ser recebido hoje em tua presença como sacrifício aceitável a Ti, tal como Tu mesmo Senhor, Deus de toda verdade, no qual não há mentira alguma havia preparado de antemão e manifestado aos homens. Assim te louvo por todas as coisas. Bendigo, te louvo e te glorifico através do eterno e celestial Sumo Sacerdote Jesus Cristo, teu amado filho por quem te seja toda a Glória com Ele e com o Espírito Santo agora e pela era vindoura. Amém”.

Tribulação, sofrimento, prisão, pobreza e até a morte. Essas são marcas distintivas dessa Igreja para a qual Jesus envia uma carta por intermédio de João, o último dos apóstolos. Jesus diz que a fidelidade da Igreja os faria merecedores da "coroa da vida" e que o vencedor não sofreria o dano da segunda morte.

As perguntas que precisamos fazer são: Que lições podemos tirar para a Igreja de hoje? No que nos diz respeito essa carta de Jesus à Igreja de Esmirna?

Que sejamos em todos os sentidos, fieis ao Senhor Jesus tendo como exemplo a fidelidade e  confiança de Policarpo.

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